A “Operação Pantanal 2024” segue triplicando ações por terra, rio e ar.
Em resposta aos crescentes incêndios florestais que assolam Mato Grosso do Sul, o governador Eduardo Riedel decretou situação de emergência em municípios afetados. A medida, oficializada nesta segunda-feira (24) no Diário Oficial do Estado, visa proporcionar uma atuação mais ágil e eficiente frente às chamas que devastam parques, áreas de proteção ambiental e outras vegetações, comprometendo a qualidade do ar e ameaçando a segurança pública.
Medidas emergenciais
O decreto tem validade de 180 dias, período durante o qual todos os órgãos estaduais estão mobilizados sob a coordenação da Defesa Civil. Esta força-tarefa conjunta é responsável por ações de resposta ao desastre, reabilitação das áreas afetadas e reconstrução de estruturas danificadas.
Em situações de risco iminente, os agentes autorizados têm permissão para entrar em residências para prestar socorro, ordenar evacuações e utilizar propriedades particulares conforme necessário. A dispensa de licitação foi permitida para emergências ou calamidades públicas, assegurando a continuidade dos serviços públicos essenciais, aquisição de equipamentos, execução de obras e contratação de serviços.
Fatores que justificam a emergência
A decisão do governador é uma resposta direta à severa estiagem que atinge a região, resultando em um aumento significativo dos focos de calor. A seca prolongada em grande parte do território de Mato Grosso do Sul tem exacerbado as queimadas, causando prejuízos econômicos substanciais e danos ambientais graves. Entre os principais impactos estão a degradação da vegetação, danos ao solo e fauna, além de perdas materiais e riscos à vida humana.
Estratégias de combate
As ações são coordenadas pelo Sistema de Comando de Incidentes (SCI), que gerencia tanto as operações terrestres quanto as aéreas. Equipamentos avançados, incluindo drones e imagens de satélite, são utilizados para detectar focos de incêndio, permitindo uma resposta rápida e direcionada.
Equipes de bombeiros, brigadistas e moradores locais colaboram em um esforço conjunto para controlar e extinguir as chamas. A coordenação envolve o uso de aeronaves e helicópteros, que fornecem suporte aéreo crucial nas áreas mais inacessíveis e ajudam a direcionar os recursos de combate com precisão.
A declaração de emergência reflete a gravidade da situação e a determinação do governo em mitigar os danos causados pelos incêndios florestais. Com uma abordagem integrada e o uso de tecnologias de ponta, Mato Grosso do Sul busca enfrentar este desafio com eficiência e garantir a segurança da população e a preservação ambiental.
Enquanto as chamas no Pantanal não param e se apagam totalmente, os esforços heroicos para proteger um dos biomas mais preciosos do planeta continua com a força de quem luta por sua própria casa. A energia contínua empregada pelo Governo do Estado tem mobilizado uma união de forças por terra, ar e água.
A Operação Pantanal 2024, iniciada em 2 de abril e atualmente na sua fase de resposta intensiva desde 11 de junho, mostra a dedicação inabalável das equipes de combate que enfrentam um inimigo feroz e implacável. “Estamos aqui para lutar por cada centímetro do Pantanal”, declara o Capitão Jonatas Lucena, do Grupamento de Operações Aéreas (GOA). “Nosso objetivo é claro: proteger nosso lar.”
Combate por Ar: A engenharia do salvamento
Neste sábado (22), o céu sobre a área de Bracinho, em frente ao Porto Geral de Corumbá, tornou-se um palco de operações aéreas coordenadas. As aeronaves do GOA, do Corpo de Bombeiros, e da Coordenadoria Geral de Policiamento Aéreo (CGPA) da Polícia Militar, pairavam como guardiões, utilizando estratégias precisas para lançar água nos focos de incêndio.
O Air Tractor, uma aeronave essencial no combate aos incêndios, transporta 3.000 litros de água por voo, alcançando áreas de difícil acesso e proporcionando uma resposta rápida e eficaz. “Cada gota lançada é um passo a mais para salvar o Pantanal”, destaca Lucena. “Nossa equipe, tanto no ar quanto no solo, está preparada para agir com precisão e rapidez.”
Os helicópteros equipados com ‘bambi buckets‘ complementam este esforço, captando água de rios próximos e despejando-a diretamente nas chamas. “O ‘bambi bucket’ é uma ferramenta essencial”, explica o Tenente-Coronel Fábio Gonçalves. “Permite que controlemos o fluxo de água com precisão, ajustando a quantidade necessária para cada situação.”
A estratégia noturna
Quando o sol se põe, o trabalho continua sem descanso. Para os bombeiros, o combate noturno é mais do que uma necessidade; é uma tática estratégica vital. “À noite, o Pantanal nos oferece uma trégua nas temperaturas extremas e nos ventos fortes”, afirma a Tenente-Coronel Tatiana Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros. “É quando podemos avançar com maior eficácia, aproveitando condições climáticas mais favoráveis.”
Durante o dia, temperaturas podem superar os 46°C e os ventos ultrapassam 50 km/h, tornando o combate direto uma tarefa hercúlea. “À noite, essas condições se acalmam, e podemos trabalhar de maneira mais segura e eficiente”, continua Inoue. “Mas o monitoramento deve ser constante, para evitar que brasas remanescentes reacendam as chamas.”
Desafios subterrâneos: O solo de turfa
O solo do Pantanal, rico em turfa, adiciona uma camada de complexidade à batalha contra o fogo. Esta matéria orgânica em decomposição pode se inflamar facilmente e alimentar incêndios subterrâneos que são difíceis de extinguir. “Enfrentar a turfa requer técnicas específicas e uma abordagem cuidadosa”, comenta Inoue. “É um dos muitos desafios que tornam esta missão tão exigente.”
O coração da operação
O Sistema de Comando de Incidentes (SCI) centraliza a resposta coordenada em Campo Grande, sincronizando todas as forças envolvidas. “Nossa resposta é um esforço conjunto”, afirma o Coronel Adriano Rampazo, subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros. “Cada unidade, cada aeronave, cada bombeiro está conectado a este sistema, permitindo uma operação fluida e eficaz.”
Este ano, o governo de Mato Grosso do Sul investiu R$ 50 milhões na estrutura de combate aos incêndios, incluindo a criação de 13 bases avançadas dos bombeiros no Pantanal. “Estamos empenhados em reduzir o tempo de resposta e aumentar nossa eficácia no combate”, enfatiza o Coronel Rosalino Gimenez, do CGPA.
Apoio e parcerias reforçando as linhas
Além dos recursos estaduais, a operação recebe reforços federais significativos. Três aeronaves do ICMBio e quatro aeronaves de grande porte do Exército se uniram à luta, além de 50 homens da Força Nacional que já estão a caminho para intensificar as ações. “Esta é uma batalha que ninguém pode vencer sozinho”, comenta Gimenez. “A colaboração e o apoio são fundamentais para nosso sucesso.”
A luta para salvar o Pantanal continua, com cada chama extinta, cada voo bem-sucedido e cada noite de combate sendo um passo mais perto da vitória. Com coragem e compromisso, a batalha prossegue – e o Pantanal resiste.
A magnitude da tarefa é imensa, mas a determinação das equipes é maior ainda. Em uma região onde cada centímetro de solo, cada gota de água e cada árvore conta, os esforços notáveis e incansáveis do Governo de Mato Grosso do Sul e de suas equipes militares são um testamento à resiliência humana diante da adversidade atual.
A luta para salvar o Pantanal continua, com cada chama extinta, cada voo bem-sucedido e cada noite de combate sendo um passo mais perto da vitória. Com coragem e compromisso, a batalha prossegue – e o Pantanal resiste.
Edição: Sergio Quevêdo Filho * com informações da Secom/Gov/MS – * Com Natalia Yahn e Leonardo Rocha – Fotos/Vídeos Bruno Rezende / Foto-Saul-Schramm