Queda de preços de commodities como minério de ferro e petróleo pressionava bolsa para baixo
A bolsa paulista operava com viés negativo na manhã desta quinta-feira, mais uma vez pressionada pelo cenário externo, com queda de preços de commodities como minério de ferro e petróleo e sem uma tendência clara dos futuros acionários norte-americanos.
Por vola das 10h15, o Ibovespa operava em queda de 0,26%, aos 126.099. No mesmo horário, o dólar subia 0,22%, a R$ 5,64.
Agentes financeiros avaliavam dados da economia dos Estados Unidos, como o PIB do segundo trimestre e pedidos semanais de auxílio-desemprego, enquanto a agenda brasileira destacava o IPCA-15, que avançou mais do que o esperado em julho.
O dólar se mantinha próximo da marca de R$ 5,65, à medida que a forte recuperação do iene e a queda nas commodities continuam pressionando moedas de países emergentes.
Na quarta-feira, o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,6568 na venda, em alta de 1,24%. Esta foi a segunda maior cotação de fechamento em 2024, abaixo apenas dos 5,6665 reais de 2 de julho.
Nesta manhã, fatores externos continuavam gerando forte pressão sobre mercados emergentes.
Entre as commodities, os preços do petróleo voltaram a subir após uma recuperação na véspera, com os preços futuros do petróleo Brent LCOc1 recuando 1,5%, a 80,47 dólares por barril, enquanto os futuros do petróleo bruto West Texas Intermediate caíam 1,4%, a 76,47 dólares por barril.
Os preços futuros do minério de ferro ampliaram as perdas mais cedo. O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China DCIOcv1 caiu pela quinta sessão consecutiva, a 1,55%, para 764,5 iuanes (105,50 dólares) a tonelada.
A fraqueza nos preços de commodities tem sido gerada pela piora nas perspectivas econômicas da China, o maior importador de matérias-primas do planeta, o que afeta países exportadores de commodities, como o Brasil.
Também se ampliava a recuperação do iene frente ao dólar devido a suspeitas dos investidores sobre uma possível alta de juros na reunião de política monetária do Banco do Japão na próxima semana.
A expectativa de queda no diferencial entre as taxas de juros do Japão e dos Estados Unidos, impulsionada ainda pelas apostas de cortes de juros no Federal Reserve neste ano, tem provocado a reversão de operações de “carry trade”.
Nessas operações, investidores assumem posições vendidas em relação ao iene e levam seus recursos para países com juros mais altos. A possibilidade de altas de juros no Japão fazem esses investidores voltarem para zerar suas posições, provocando uma fuga de capital em países emergentes.
O dólar tinha queda de 0,49% em relação ao iene JPY=, a 153,12.
Dessa forma, a divisa norte-americana se fortalecia contra o peso mexicano MXN=, em alta de 0,2%, o rand sul-africano ZAR=, com avanço de 0,5%, e o peso chileno CLP=, com ganho ligeiro de 0,1%.
“O dólar abriu em um movimento de alta em continuidade dos últimos dias. Aparentemente, o mercado está vindo testar novamente as máximas do dia 2 de julho. Tudo indica que deve superar”, disse Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
No cenário nacional, o mercado analisa dados do IPCA-15, que vieram acima do esperado por economistas consultados pela Reuters, apesar de uma desaceleração em relação ao mês anterior.
O IBGE informou que o IPCA-15 passou a subir 0,30% em julho, depois de ter avançado 0,39% em junho, mas acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,23%.
O resultado levou a taxa nos 12 meses até julho a subir para 4,45%, de 4,06% em junho e expectativa de 4,38%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central volta a se reunir na próxima semana para deliberar sobre a política monetária, em meio ao fortalecimento do dólar e a preocupações com a pressão sobre os preços do mercado de trabalho apertado.
Fonte: Reuters