Autoridade monetária japonesa descartou novos aumentos no curto prazo.
Os principais índices do mercado brasileiro ampliaram nesta quarta-feira (7) o clima de recuperação da véspera, com indicações do Banco do Japão (BoJ) em não subir os juros no curto prazo, a despeito do sentimento de cautela voltar a derrubar as bolsas em Wall Street.
Na cena doméstica, investidores também repercutiram recentes balanços trimestrais, enquanto aguardam por novos resultados após o fechamento do pregão. Conforme noticiado pela CNN Brasil, no destaque estão os números do Banco do Brasil, o último dos “bancões” brasileiros a mostrar o desempenho.
O Ibovespa encerrou o dia com avanço de 0,99%, aos 127.513 pontos, apesar do desempenho negativo das principais companhias do pregão.
Vale (VALE3) perdeu 0,19%, em reação ao comportamento misto de contratos de minério de ferro, enquanto Petrobras (PETR4) caiu 0,14% às vésperas da divulgação do balanço do segundo trimestre.
O clima em São Paulo destoou de Nova York com novas quedas em Wall Street. O Dow Jones perdeu próximo de 0,6%, enquanto S&P 500 e Nasdaq recuaram 0,8% e 1,1%, respectivamente.
Acompanhando o quadro positivo para ativos brasileiros, o dólar voltou a perder força ante o real e encerrou a sessão com queda de 0,62%, negociado a R$ 5,623 na venda.
O movimento também destoa do cenário internacional, com alta próxima de 0,2% da divisa norte-americana ante a cesta com as moedas mais fortes do globo.
Em dois dias, a moeda norte-americana à vista acumulou baixa de 2,05%. Na segunda (5), os receios de que os EUA estejam a caminho de uma recessão fizeram o dólar chegar a ser cotado a R$ 5,86 durante a sessão.
O alívio no câmbio deu força para queda dos juros futuros, com a curva brasileira passando a refletir probabilidade menor de a taxa básica Selic subir em setembro.
Japão afasta aumento de juros
Após escalada desde o fim de julho com aumento dos juros no Japão, o iene perdeu força nesta quarta depois de o vice-presidente do banco central japonês, Shinichi Uchida minimizar as chances de novos apertos monetários no curto prazo.
O índice japonês Nikkei subiu 1,19% em Tóquio, a 35.089,62 pontos. Ontem, o índice saltou mais de 10%, após despencar 12,4% no dia anterior.
O iene esteve no centro do recente pânico global pela sua participação nas estratégias de carry trade — quando o investidor toma dinheiro em um local com juros baixos e investe em outros ativos, embolsando a diferença.
Por anos, o Japão foi justamente o país que oferecia as melhores condições para a tomada de crédito com juros praticamente zerados. A situação mudou no fim de julho, quando o BC japonês elevou as taxas para 0,25%, fortalecendo a divisa nacional.
O movimento tornou a tomada de crédito mais cara, ao mesmo tempo que dólar perdeu força após o Federal Reserve (Fed) sinalizar para possíveis cortes dos juros em setembro e com queda generalizada de ações de tecnologia.
O resultado foi uma corrida de investidores para desmontar as posições de carry trade, gerando confusão em todo o mercado.
Uma vez que até mesmo perdas menores começam a se acumular, os credores vão exigir que você desembolse mais dinheiro para cobrir suas perdas potenciais, um processo conhecido como chamada de margem. Isso pode significar vender ações para levantar dinheiro ou fechar a posição completamente.
“Você não pode desfazer o maior carry trade que o mundo já viu sem quebrar algumas cabeças”, disse Kit Juckes, estrategista macro global do Societe Generale, em nota aos clientes na segunda-feira (5).
*Com Reuters e CNN Internacional