Curso gratuito de informática básica é ofertado a jovens, idosos e grupos em vulnerabilidade social. Iniciativa é de acadêmicos de Computação do IFMS
Capacitar cidadãos sobre conhecimentos fundamentais em informática para que possam utilizar com confiança computadores e recursos tecnológicos no seu dia a dia pessoal e profissional, construindo condições de inserção no cotidiano digital, educacional, social e no mundo do trabalho.
Esse é o principal objetivo do projeto de extensão ‘IDIS – Inclusão Digital para Inclusão Social’, desenvolvido pelo Campus Jardim do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) desde junho.
A iniciativa visa atender também cidadãos de Guia Lopes da Laguna, Nioaque e outras cidades vizinhas. O público-alvo é diverso, formado por jovens, idosos, mulheres em situação de vulnerabilidade social, moradores de comunidades indígenas e quilombolas, e detentos.
“Num levantamento feito por nós, 75% das pessoas nunca tinham mexido num computador, elas usavam só celular, muitas até tinham e-mail, mas que foi criado por alguém”, aponta o coordenador do projeto, Patrik Bressan.
Para isso, está sendo ofertado um curso com foco em informática básica, dividido em módulos formativos.
A primeira turma foi para pessoas cadastradas no Programa Mais Social, do Governo do Estado, e a segunda foi composta por idosos, tanto de Jardim quanto de Guia Lopes.
O projeto foi contemplado pelo Edital n° 015/2024, publicado pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex), e tem o docente de Informática do Campus Jardim, Patrik Bressan, como coordenador.
“Num levantamento feito por nós, 75% das pessoas nunca tinham mexido num computador, elas usavam só celular, muitas até tinham e-mail, mas que foi criado por alguém”, aponta o coordenador.
Foi a partir dessa análise inicial da realidade da cidade e região que se delineou como o curso seria ofertado.
“Precisávamos de um curso rápido, dividido por módulos, de forma que as pessoas não desistissem por ser um curso a longo prazo”, explica o coorientador do projeto e professor de Metodologia do Campus Jardim, Moacir Juliani.
“A ideia é sempre trazer a comunidade para dentro do IFMS para conhecer as instalações, recursos, professores, programas, bem como o Instituto ir até a comunidade”, afirma o coorientador Moacir Juliani.
Dessa forma, esse primeiro módulo do curso resume-se a quatro encontros, totalizando 20 horas, e está sendo ministrado aos grupos prioritários. Os participantes recebem a certificação e vão passando para as próximas etapas, as quais são ofertadas em seguida.
As aulas são gratuitas e ocorrem, geralmente, nas tardes de sábado, no laboratório de informática do Campus Jardim.
“A ideia é sempre trazer a comunidade para dentro do IFMS para conhecer as instalações, recursos, professores e programas, bem como o Instituto ir até a comunidade, o que vai acontecer na próxima turma, quando trabalharemos com detentos de Jardim”, afirma o coorientador.
Nesse sentido, a iniciativa tem a intenção de abrir portas, conforme o próprio nome do projeto já afirma, promovendo a inclusão social por meio da inclusão digital.
“Uma das participantes dessa primeira turma relatou que o chefe dela descobriu que ela estava fazendo o curso e pediu para ela fazer um teste como caixa da empresa em que já trabalha na parte de faxina, porque ele viu que ela estava estudando e se capacitando”, relata Patrik.
- Equipe é composta pelos docentes Moacir (de azul) e Patrik (à dir.) e os estudades da Licenciatura – Foto: Arquivo
- Primeiro módulo do curso está sintetizado em quatro encontros, totalizando 20 horas – Foto: Arquivo
- Curso com foco em informática básica é dividido em módulos formativos – Foto: Arquivo
- Projeto foi criado porque muitas pessoas da região não têm acesso a computador – Foto: Arquivo
Como começou – A ideia nasceu da acadêmica de Licenciatura em Computação Haylla Ohana, 25, inicialmente como um projeto sobre letramento digital, com foco nas ferramentas do Google. Mas logo ela percebeu que, com tantas pessoas que nem sabem ligar um computador, como iria ensinar sobre ferramentas digitais? Decidiu então retroceder e não atropelar a primeira e fundamental etapa desse processo.
“Nem todas as pessoas têm acesso às tecnologias se não é dentro de uma escola. Então a escola sempre proporciona algo melhor e um pouco mais além para quem está dentro dela”, defende a estudante Haylla Ohana, idealizadora do projeto.
Assim, a iniciativa focou em inclusão digital com aulas para diferentes grupos sociais, com o intuito de ensinar informática básica, desde como ligar um computador, mexer no teclado, no mouse, entre outros conhecimentos.
Conforme explica, o objetivo é que os alunos saiam do curso para o mundo do trabalho tendo noção básica da informática, e que possam despertar, ao mesmo tempo, sua vontade de aprender cada vez mais. E isso pode acontecer até mesmo no próprio IFMS.
“Alunas da primeira turma agora estão no programa Mulheres Mil, outros em cursos do Proeja [Educação de Jovens e Adultos] de Informática e de Edificações. Eles voltaram para o campus porque acreditaram que o Instituto é capaz de ensinar algo. Nem todas as pessoas têm acesso às tecnologias se não é dentro de uma escola. Então a escola sempre proporciona algo melhor e um pouco mais além para quem está dentro dela”.
Haylla tem propriedade em falar sobre as oportunidades que o IFMS têm a oferecer justamente por fazer cursos no Campus Jardim desde 2016.
“Sei que o IFMS abre portas. Então sou muito grata ao Instituto Federal, principalmente ao Campus Jardim, porque sem o campus hoje eu não teria o emprego que tenho. A instituição tem muito a oferecer para a sociedade como um todo”, finaliza.
- Estudante Haylla Ohana foi idealizadora do projeto – Foto: Arquivo
- Haylla (no centro) percebe a relevância da iniciativa junto aos participantes – Foto: Arquivo
Formando professores – O projeto, além de promover a inclusão, também é importante pela atuação de três acadêmicos do curso de Licenciatura em Computação do IFMS, sendo dois como bolsistas e Haylla como voluntária.
“A licenciatura está cumprindo seu papel de formação integral do professor, uma formação que contempla o todo das necessidades formativas para os professores da atualidade”, ressalta o docente Moacir.
Eles participam desde o planejamento das aulas de cada módulo, no processo de elaboração das atividades, até no exercício de administrar tais atividades, e avaliar o curso, acompanhados pelo orientador e pelo coorientador.
Isso é parte fundamental do processo de formação dos futuros professores, conforme ressalta o docente Moacir.
“Quando são realizados projetos como esse, com uma relação dialógica com a comunidade, com populações diversas que vivenciam vulnerabilidades, a licenciatura está cumprindo seu papel de formação integral deste professor, uma formação que contempla o todo das necessidades formativas para os professores da atualidade”.
- Uma das bolsistas é a acadêmica da Licenciatura em Computação, Gisele Albuquerque – Foto: Arquivo
- Gisele decidiu participar do projeto para ter experiência como professora em sala de aula – Foto: Arquivo
- Ela busca conhecer interesses e dificuldades dos alunos – Foto: Arquivo
Uma das bolsistas participantes é a acadêmica do 1° semestre da Licenciatura em Computação, Gisele Jara de Albuquerque, 38. Ela decidiu participar do projeto para ter experiência como professora em sala de aula, e considera a oportunidade incrível.
“Atender às expectativas que o outro tem sobre a gente é transformador, compartilhar o saber também é aprender. Buscamos incentivar as pessoas de que não somos donos de todas as respostas e sempre devemos buscar por mais conhecimento”.
“Atender às expectativas que o outro tem sobre a gente é transformador, compartilhar o saber também é aprender”, afirma a bolsista do projeto, Gisele Albuquerque.
Gisele explica que as aulas se desenvolvem de maneira natural. Ela busca saber os interesses dos alunos, suas maiores dificuldades em relação ao mundo digital, e aborda formas de aprendizado mais compreensíveis para eles.
“Muito me marcou quando um aluno se emocionou ao ver o nome da mãe dele na tela do computador. Ele nunca havia tido contato com um computador na vida! Naquele instante percebi o quão valioso é dividir nosso conhecimento”, relembra Gisele.
O terceiro acadêmico que atua no projeto é Leonardo Vinicius Gomes.
Projeto – A previsão é de que, em breve, o primeiro módulo do curso seja ofertado para detentos no presídio, e para alunos do 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio da rede pública.
Outra mudança planejada é de que seja ofertado em mais dias e horários, de forma a ampliar o público atendido.
“A ideia é atingir todas essas pessoas e, a partir disso, sempre elas poderem frequentar o módulo seguinte, aumentando a sua formação dentro dos conhecimentos da informática e da inclusão digital”, explica Moacir.
Quem quiser acompanhar as novidades do projeto e saber quando estiverem abertas as inscrições para novas turmas, basta acessar o perfil oficial do Campus Jardim no Instagram.
Fonte: IFMS – Por: Laura Silveira – Foto: Divulgação