Menos da metade dos brasileiros consegue fechar contas pessoais e da empresa no azul

Foto: ijeab/Freepik
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Levantamento do Serasa aponta alta inadimplência e juros elevados como desafios; quadro não indica melhora.

Ao abrir um negócio, a preocupação do empresário com as finanças passa a ser dobrada ao ter de tomar conta das contas pessoais e do empreendimento. 

Uma pesquisa da Serasa Experian, porém, mostra que a realidade é mais difícil, com menos da metade dos empreendedores capazes de fechar o mês com as duas contas no azul.

O levantamento mostra que 42,3% dos empresários brasileiros conseguem fechar as contas do CPF e CNPJ em dia. O cenário oposto, com resultados negativos nas duas ponta, atinge 21,3% do grupo.

“Há uma relação entre a inadimplência do sócio e a da empresa. Se tomarmos o universo apenas daquelas que estão inadimplentes, vemos que para 54,4% delas o sócio principal também está inadimplente”, afirma à CNN Cleber Genero, vice-presidente de pequenas e médias empresas da Serasa Experian.

Ele explica que essa é uma relação de mão dupla: o sócio descuidado com suas finanças pessoais pode estar imprimindo este caráter à empresa; ou a empresa vai mal nos negócios e, ao invés de ser uma fonte de renda, acaba sendo um peso.

“Com isso, o sócio, para manter o negócio vivo, vai aportando capital cada vez mais e, muitas vezes, se endividando por conta disto até ele próprio se tornar inadimplente”, pontua Genero. 

Entre os fatores que o especialista aponta como potenciais influenciadores das negativações estão o nível da inadimplência do consumidor e as taxas de juros elevadas no país.

“Quando o consumidor não paga algum compromisso financeiro, é o outro lado do balcão que deixa de receber algo que deveria ter entrado no seu caixa”, aponta o porta-voz da Serasa Experian.

Os números ainda mostram quem 55% da inadimplência do consumidor ocorre fora do sistema financeiro, ou seja, a dívida é feita com empresas varejistas, de serviços, entre outras. 

“Aí são as empresas que vão ficar com dificuldades financeiras para pagar as suas próprias contas”, diz.

Genero aponta que o cenário deve ficar mais favorável no curto prazo para os empreendedores pela tendência de aumento do consumo no fim de ano.

Mas o fôlego é curto: com a expectativa de que os juros devem continuar subindo até o começo de 2025, o porta-voz da Serasa indica a deterioração do quadro.

De acordo com as últimas informações noticiadas pela CNN Brasil, o especialista chama a atenção para o peso das pequenas e médias empresas (PMEs) no ambiente econômico, com uma fatia de 30% do Produto Interno Bruto (PIB).

“Com o aumento da negativação, as micro e pequenas empresas terão mais dificuldade em acessar crédito. As que conseguirem acessar, será um crédito mais caro. Essa situação afeta a gestão financeira das PMEs, o que gera, consequentemente, uma desaceleração na economia”, conclui.

Idade das empresas

A pesquisa ainda destaca uma relação entre a saúde financeira das empresas e a idade delas. Enquanto a maioria das firmas nascem tanto com suas contas quando as do sócios adimplentes (66,7%), à medida que envelhecem, tendem a ver uma deterioração no cenário.

Já quando as empresas passam dos 20 anos, menos de 38% das empresas e seus sócios não estão negativados.

Sobre o quadro em que as empresas estão negativadas e os sócios não, o especialista da Serasa Experian explica que muitos empresários se negativam no começo de um negócio para aportar seu próprio capital no empreendimento, por isso, muitas vezes suas contas podem estar no vermelho enquanto a da empresa não.

De acordo com a pesquisa, enquanto 1% das empresas nascem negativadas, mas com sócios adimplentes; 31,2% das firmas nascem com as contas no azul, mas com donos devendo.

“Empresas que acabaram de ser abertas geralmente nascem com uma injeção inicial de capital de seu sócio principal. Isto tende a lhe garantir uma sobrevida inicial e passageira e, só com o passar do tempo, é que o negócio pode se mostrar inviável ou não”, aponta Genero.

Por: Gisele Farias e João Nakamura

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