Os pesquisadores William Teixeira, da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (Faalc), e Cícero Cena, do Instituto de Física (Infi), tiveram seus projetos aprovados no Programa Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)/ Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil (Cofecub). A chamada tem como objetivo estabelecer parcerias e intercâmbio de instituições de ensino superior brasileiras com universidades francesas. O resultado final foi publicado recentemente e pode ser visto aqui.
“Gostaria de parabenizar os nossos dois pesquisadores que tiveram as propostas aprovadas no edital Capes/Cofecub. A participação dessas propostas é um marco importante para o fortalecimento, principalmente, da internacionalização da pesquisa na Instituição. Essa aproximação entre os pesquisadores brasileiros e pesquisadores franceses poderá gerar a troca de conhecimento e experiências que vão contribuir significativamente para o avanço científico, tecnológico e para ambas as partes”, comenta o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Fabrício Frazílio.
Segundo Frazílio, a aprovação pode trazer vários benefícios para a UFMS, como a transferência de conhecimento, já que a interação com as instituições francesas vai permitir o acesso às metodologias inovadoras e as tecnologias avançadas. “É o fortalecimento de redes de cooperação, formação de recursos humanos qualificados, isso prepara o envolvimento para lidar com os desafios complexos em um ambiente de pesquisa que hoje todos nós sabemos que é extremamente globalizado”, diz.
“Isso também vai trazer para a nossa Universidade uma visibilidade internacional, pois os projetos em colaboração em rede com parceiras estrangeiras, também projetam a UFMS no cenário internacional, tornando a Instituição mais atraente para os novos talentos, parcerias e financiamentos. Além disso, para os pesquisadores que vêm de outros países, a participação reforça a posição da UFMS como um polo de excelência em pesquisa, mas também alavanca a nossa capacidade de contribuir para o desenvolvimento científico e social na escala global”, destaca o pró-reitor.
Música, som e ecologia
“Nosso projeto visa explorar a interseção entre música, som e ecologia, partindo da ideia de que a música e as artes sonoras podem sensibilizar sobre a biodiversidade, tomando como estudo de caso o Pantanal sul-mato-grossense. Objetiva-se entender como a produção sonora influencia e é influenciada pelo ambiente, promovendo a conscientização sobre a biodiversidade e as ameaças ecológicas. A metodologia é interdisciplinar e colaborativa, envolvendo estudos de campo para registrar paisagens sonoras e caminhadas sonoras, que podem se tornar a base de performances musicais e sonoras”, explica o professor William Teixeira.
De acordo com ele, as duas equipes são complementares: a equipe brasileira se concentra no desenvolvimento do que se pode chamar de “ecossistemas de performance” e a equipe francesa traz sua expertise metodológica, especialmente em termos de ecologia ambiental, social e mental. “As duas equipes se complementam com o estudo de campo da biodiversidade do Pantanal, que relacionam com a criação musical. Os produtos dessa pesquisa serão artigos científicos e obras artísticas, que aumentarão a visibilidade do Pantanal enquanto reforçam a cooperação internacional”, complementa.
“A parceria entre os pesquisadores brasileiros e franceses é essencial para atingir os objetivos do projeto e promover a troca de conhecimentos. O impacto esperado inclui a inovação metodológica e uma conscientização ecológica sobre o Pantanal, além de promover um novo olhar sobre a questão ecológica na música e nas artes sonoras. Os conhecimentos adquiridos serão difundidos por meio de cursos, workshops, publicações, concertos e exposições artísticas”, diz Teixeira.
O Programa Capes/Cofecub é direcionado aos intercâmbios entre as equipes do Brasil e da França. “Isso significa que tanto eu como coordenador, como outros pesquisadores, sobretudo estudantes de doutorado, orientados no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem (PPGEL), poderão ir até a França. Será possível, inclusive, que estudantes de doutorado façam doutorado sanduíche na França, no caso a Universidade Paris 8”, destaca Teixeira. Ele acrescenta ainda que, durante a realização do projeto, devem ser feitas algumas missões de campo na Base de Estudos do Pantanal da UFMS. “Eles estão muito ansiosos para poderem fazer esses registros sonoros lá na Base e, a partir disso, todo o nosso trabalho, tanto de pesquisa mais teórica como de realização artística, vai ser realizado a partir desse material”, salienta o professor da Faalc.
“Sabemos que o Capes/Cofecub é o principal acordo de colaboração institucional entre Brasil e França. Já temos algo dessa natureza por meio do projeto da professora Elisabete Marques, na área de Linguística. Agora, poderemos ter novos projetos de colaboração com a França. Então, isso sem dúvida é muito importante para a internacionalização do nosso PPGEL e para a UFMS, que pode receber e enviar pesquisadores por meio do programa”, diz Teixeira.
Fotodiagnóstico de doenças tropicais
“O projeto aprovado, em parceria com a Universidade de Reims, na França, busca desenvolver métodos avançados de fotodiagnóstico utilizando espectroscopia Raman e FTIR para identificar doenças tropicais como dengue, zika e chikungunya. Embora a eficácia dessas técnicas já seja demonstrada na literatura científica, a proposta se destaca por criar protocolos inovadores para análise direta de biofluidos, como sangue, superando desafios técnicos e operacionais”, explica o professor Cícero Cena.
De acordo com o pesquisador do Infi, a inclusão do aprendizado de máquina para alcançar alta precisão diagnóstica, acima de 90%, é um diferencial que potencializa sua aplicação em cenários clínicos reais. “A colaboração bilateral, liderada pelo grupo francês Biospectroscopie Translationnelle, coordenado pelo professor Olivier Piot, e pelo especialista em análise de dados professor Cyril Gobinet, permitirá transferir conhecimento técnico de ponta, capacitar estudantes e pesquisadores, e otimizar metodologias avançadas de análise de dados, fortalecendo a pesquisa na UFMS”, destaca.
“A parceria é especialmente estratégica devido à recente aquisição de um equipamento Raman Multiusuário pela UFMS, contemplada na chamada Proinfra da Financiadora de Estudos e Projetos. Essa infraestrutura permitirá que estudantes brasileiros, imersos em grupos de excelência como o de Reims, retornem com conhecimento técnico consolidado para fortalecer a expertise local. O foco principal do programa é o treinamento de estudantes e pesquisadores, promovendo não apenas avanços técnicos, mas também o desenvolvimento de carreiras por meio da geração de publicações científicas relevantes e do enriquecimento pessoal, profissional e cultural”, explica Cena.
O professor avalia a iniciativa como de grande relevância ao promover o intercâmbio de tecnologias entre Brasil e França e ao fortalecer a ciência brasileira em um cenário global. “Oferece impactos sociais significativos ao desenvolver métodos diagnósticos rápidos, acessíveis e livres de reagentes químicos, beneficiando populações vulneráveis em regiões endêmicas”, fala. Segundo ele, com enfoque na sustentabilidade e na inovação científica, o projeto aprovado na Capes/Cofecub também contribui para o avanço de tecnologias de ponta e para o enfrentamento de desafios globais na área da saúde, consolidando a UFMS como um centro de excelência em pesquisa e capacitação na área de fotodiagnóstico.
Fonte: UFMS – Por: Vanessa Amin – Fotos: Acervo dos pesquisadores e Vanessa Amin