CNC credita retração na PMC de abril à inflação e à guerra comercial internacional

Tensão entre EUA e China e aumento do preço dos alimentos impactam o consumo, mas não revertem projeção de crescimento em 2025

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na quinta-feira (12/06), os resultados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) referentes ao mês de abril. Contrariando as projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que esperava a discreta expansão de 0,1% no volume de vendas no comércio varejista restrito, houve recuo de 0,4% em relação a março, já considerando o ajuste sazonal. O resultado representa a primeira retração após três meses consecutivos de alta.

O varejo ampliado, que inclui veículos, autopeças e materiais de construção, também apresentou queda, de 1,9%, anulando a alta registrada no mês anterior. Mesmo assim, o comparativo com abril de 2024 revela aumento de 4,8%, evidenciando saldo ainda favorável.

Tensão internacional impacta as importações

Além disso, a guerra comercial entre Estados Unidos e China reverberou nas importações brasileiras. Dados da Comex mostram recuo na chegada de produtos chineses ao País em abril, que passaram a ter preços maiores. A hipótese levantada pela CNC é que as empresas norte-americanas anteciparam suas compras vindas do país asiático para a formação de estoques antes da incidência das novas tarifas.

O reflexo disso no mercado interno brasileiro ainda está em análise, mas a Confederação alerta para o crescimento da entrada de itens chineses em maio, com recuo nos preços, resultando em uma competição mais acirrada no varejo nacional. Ainda não está claro, no entanto, se esse movimento será um fenômeno pontual ou se sinaliza uma transformação estrutural.

Setores pressionados pela inflação

A análise setorial da PMC revelou ainda que sete dos onze segmentos pesquisados apresentaram queda. O setor com maior peso na composição do índice, o de hipermercados, supermercados e produtos alimentícios, registrou retração de 0,8%. Embora a alta acumulada em 12 meses seja de 3,4%, o desempenho negativo no mês pode ser atribuído à elevação dos preços dos alimentos, que cresceram 0,82% no IPCA de abril.

O grupo de combustíveis e lubrificantes apresentou a maior queda mensal, de 1,7%, dando continuação à tendência de março. Isso pode ser considerado o impacto defasado dos aumentos acumulados nos preços dos combustíveis, nos meses anteriores (4% em fevereiro e 0,46% em março).

No varejo ampliado, a comercialização de veículos e motocicletas foi decisiva para o resultado negativo, ao amargar -2,2% no mês. Apesar disso, no acumulado de 12 meses, o indicador permanece positivo em 2,7%.

Perspectivas e incertezas

Para o próximo mês, a expectativa da CNC é de nova retração de 0,3% nas vendas no comércio varejista restrito. A entidade alerta que, mesmo diante de uma aparente estabilização da guerra comercial, o ambiente segue marcado por incertezas, o que leva as empresas a postergar os investimentos e a recomposição dos estoques.

Ainda assim, reforça a Confederação, a projeção anual para o crescimento do varejo restrito permanece otimista, sendo estimado em 3,6% em 2025.

Acesse aqui a análise na íntegra

Fonte: CNC

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