Safra de soja 2024/2025: produtividade média estadual foi de 51,78 sacas por hectare

Alguns municípios se destacaram com produtividades significativamente acima da média

De acordo com dados do Projeto SIGA-MS, executado pela Aprosoja/MS, a área de soja na safra 2024/2025 em Mato Grosso do Sul atingiu 4,524 milhões de hectares, com uma produtividade média ponderada de 51,78 sacas sacas por hectare, e produção de 14,060 milhões de toneladas.

As médias ponderadas de produtividade por região foram as seguintes: 72,01 sc/ha na região norte, que representa aproximadamente 15,8% da área monitorada pelo Projeto; 52,63 sc/ha na região central, que corresponde a cerca de 22,6% da área acompanhada; e 46,29 sc/ha na região sul, que abrange aproximadamente 61,6% da área de cultivo monitorada pelo projeto.

 “A análise da produtividade da soja na safra 2024/2025 revela importantes insights sobre o desempenho agrícola dos municípios de Mato Grosso do Sul. A produtividade média estadual foi de 51,79 sacas por hectare (sc/ha), resultado de uma média ponderada que considera tanto a produtividade individual quanto a área plantada de cada município. Alguns municípios se destacaram com produtividades significativamente acima da média, contribuindo de forma expressiva para o desempenho global”, aponta o coordenador técnico da Aprosoja/MS, Gabriel Balta.

Entre esses municípios que se destacaram estão: Costa Rica (78,36 sc/ha em 89.584 ha); Chapadão do Sul (77,03 sc/ha em 131.336 ha); São Gabriel do Oeste (74,78 sc/ha em 129.606 ha); Maracaju (72,06 sc/ha em 353.130 ha), e Paraíso das Águas (70,72 sc/ha em 100.003 ha). 

“Esses municípios, localizados majoritariamente nas regiões norte e nordeste do estado, aliam alta produtividade a grandes áreas cultivadas, exercendo forte influência positiva sobre a média estadual. Por outro lado, municípios com grandes áreas plantadas, mas produtividade inferior à média, impactam negativamente o resultado estadual”. 

Os seguintes municípios apresentaram produtividade abaixo da média estadual: Dourados (39,9 sc/ha em 249.420 ha); Sidrolândia (49,1 sc/ha em 276.829 ha); Ponta Porã (49,7 sc/ha em 348.125 ha) e Rio Brilhante (50,9 sc/ha em 171.269 ha). 

Esses municípios apresentam produtividades aquém do esperado, o que reduz a média ponderada estadual. De acordo com dados do Projeto SIGA-MS, o avanço da irrigação tem sido um diferencial importante. Municípios como Ribas do Rio Pardo, Três Lagoas, Selvíria, Água Clara e Paranaíba, onde a maior parte da soja é cultivada sob irrigação, apresentam produtividades elevadas, evidenciando o potencial dessa tecnologia para elevar os índices produtivos.

Esse cenário evidencia a importância de implementar ações técnicas e políticas públicas específicas voltadas à elevação da produtividade nos principais polos agrícolas que operam abaixo do seu potencial. Nesse contexto, a identificação dos 30 municípios com produtividade acima da média e dos 48 que ficaram abaixo dela torna-se essencial para orientar o planejamento estratégico do setor.  

“O mapeamento compilado pela Aprosoja/MS permite direcionar com maior precisão os investimentos, as políticas públicas e as intervenções técnicas, promovendo tanto o fortalecimento das regiões mais eficientes quanto a recuperação daquelas com desempenho aquém do esperado”.


Números do levantamento

O levantamento da produtividade da foi realizado entre os dias 2 de janeiro e 16 de maio de 2025, completando 19 semanas de acompanhamento, que permitiu obter uma amostragem de 1.616 propriedades, em 1,8 milhão de hectares, tendo em vista os diferentes níveis de produtividade relacionados à época de plantio. Para determinar a área cultivada, a equipe técnica da Aprosoja/MS realizou o georreferenciamento das culturas no campo, cobrindo extensas áreas. Nesta safra, foram percorridos 29.074 quilômetros e coletados 31.348 pontos de GPS.

“Após este levantamento, as informações foram corroboradas com imagens de satélite para finalizar o trabalho de sensoriamento. Este processo resultou na determinação da área plantada em nível estadual. Este método de coleta de dados, que combina o trabalho de campo com a tecnologia de sensoriamento remoto, permite uma avaliação precisa e confiável da área de soja”, aponta Gabriel.


Levantamento de dados

Ao longo da safra de soja 2024/2025, entre os meses de setembro e maio, a equipe de campo da Aprosoja/MS coletou amostras em campo e realizou entrevistas junto a produtores, Sindicatos Rurais e empresas de Assistência Técnica.

Para a coleta de dados, foram visitadas propriedades nos principais municípios produtores do estado e levantadas informações como variedades plantadas, data de semeadura, área cultivada, unidades de armazenamento de grãos, incidência de plantas daninhas, pragas, doenças, precipitação e situação geral das lavouras. Para o acompanhamento do pré-plantio, plantio, desenvolvimento e colheita foram realizadas 2.471 visitas (Figura 01). Vale ressaltar que algumas destas propriedades foram visitadas mais de uma vez no decorrer da safra.


Amostragem

A metodologia de produtividade do projeto SIGA-MS é baseada em uma coleta de dados de campo, na qual os técnicos avaliam todos os parâmetros técnicos em caráter amostral. A média de plantas por linha, média de grãos por planta, perdas e peso de mil grãos são avaliados e ajustes são feitos com base na umidade do grão, que influencia diretamente na produtividade por hectare. 

Em caráter definitivo, a produtividade informada pelo produtor sobre a área total é levada sempre em consideração. Devido à avaliação amostral não permitir se estender a toda propriedade, este dado é valioso e considerado para este levantamento, no qual traz a certeza do que é produzido nas propriedades produtoras de grãos do estado de Mato Grosso do Sul.

Posteriormente, os dados de produtividade passam por ponderação, levando em consideração a área plantada de cada propriedade. Cada propriedade e sua área representam um percentual da produtividade do município. Além disso, a área plantada de cada município contribui para a produtividade total do estado de Mato Grosso do Sul. Esse processo garante que propriedades e municípios com áreas maiores tenham um impacto proporcionalmente maior na produtividade média final do município e do estado.

Além disso, é realizado um mapeamento detalhado da cobertura do solo no estado de Mato Grosso do Sul para identificar a extensão das principais culturas. O levantamento inclui o registro das coordenadas geográficas e é conduzido por uma equipe técnica que percorre extensas áreas, gerando milhares de quilômetros e pontos de GPS. Após a realização deste levantamento, ele é corroborado com imagens de satélite para finalizar o trabalho de sensoriamento remoto, resultando na determinação da área plantada no Estado.

Histórico da primeira safra 2024/2025

A safra de soja 2024/2025 no estado de Mato Grosso do Sul iniciou-se com uma expectativa positiva de crescimento na área plantada, com expansão de 6,8% em relação ao ciclo anterior, totalizando 4,5 milhões de hectares. As estimativas iniciais, baseadas na média dos últimos cinco anos do projeto SIGA-MS, apontavam para uma produtividade de 51,7 sacas por hectare, o que resultaria em uma produção estimada de 13,9 milhões de toneladas.

Clima

Durante o mês de setembro, grande parte do estado registrou chuvas abaixo da média histórica, com volumes entre 0 e 30 mm, especialmente nas regiões Pantaneira, Norte e Bolsão. Em contrapartida, as regiões Sul, Leste e Sudeste apresentaram volumes entre 45 e 90 mm, superando a média histórica. O plantio teve início com uma concentração de 3,3%, acima da média dos últimos cinco anos.

Em outubro, as chuvas permaneceram abaixo da média em grande parte do estado, com volumes entre 30 e 60 mm nas regiões Pantaneira, Leste e Bolsão. Já nas regiões Central, Norte e Sul, os volumes variaram entre 90 e 180 mm, ficando acima da média. Nesse mês, 55% da área total foi plantada.

O mês de novembro também apresentou chuvas abaixo da média histórica em regiões como Centro-Sul, Sudoeste e Pantaneira (40 a 120 mm). Por outro lado, as regiões Norte, Leste e Nordeste registraram volumes entre 120 e 240 mm. O plantio atingiu 97,4% da área total.

 Em dezembro, as chuvas superaram a média histórica em regiões como Sudeste, Leste, Norte e Nordeste (150 a 300 mm), enquanto nas regiões Central, Sul e Sudoeste os volumes ficaram entre 50 e 100 mm, abaixo da média. O plantio foi finalizado na segunda semana do mês, que também marcou o início de um período de estiagem.

 Janeiro de 2025 foi caracterizado por estiagem, com chuvas abaixo da média (0 a 120 mm) nas regiões Centro-Sul, Leste e Sudeste. As regiões Noroeste, Norte e Nordeste registraram volumes entre 120 e 200 mm. A colheita teve início, com 3,1% da área colhida. A estiagem afetou principalmente os municípios das regiões Sul e Central, impactando o enchimento de grãos, fase em que se encontravam 57% das lavouras até 31 de janeiro.

Em fevereiro, a estiagem persistiu em grande parte do estado, com chuvas entre 30 e 120 mm nas regiões Sudoeste, Pantaneira, Sul e Sudeste. As regiões Central e Norte registraram volumes entre 120 e 180 mm. A colheita avançou para 50,5% da área estimada. A primeira revisão de produtividade, com base em 10,7% da área amostrada, indicou uma média de 54,4 sacas por hectare — um aumento de 11,4% em relação ao ciclo anterior, elevando a expectativa de produção para 14,686 milhões de toneladas (+18,9%). Em relação à estimativa inicial, houve um aumento de 5% na produtividade.

Março apresentou chuvas abaixo da média (30 a 90 mm) nas regiões Sudeste, Leste e Nordeste, e acima da média (90 a 180 mm) nas regiões Centro-Norte e Sudoeste. A colheita atingiu 93% da área, com a estiagem ainda presente, mas sem impacto significativo adicional à produção.

 Abril foi marcado por chuvas acima da média histórica (150 a 300 mm), especialmente nas regiões Central, Sul, Leste e Norte. A anomalia positiva de precipitação dificultou o processo de colheita, que chegou a 99,7%, mantendo parte dos grãos no campo por mais tempo.

A colheita foi concluída em maio, com resultados finais próximos às estimativas iniciais. A área total colhida foi de 4,524 milhões de hectares, com produtividade média de 51,79 sacas por hectare, resultando em uma produção de 14,060 milhões de toneladas.

Foto: Aprosoja/MS – Por: Crislaine Oliveira e Gabriel Balta – Foto: arquivo da Aprosoja/MS

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