Sessão foi marcada por baixa liquidez por feriado nos EUA e queda da Vale após recuo do minério de ferro
Ibovespa e dólar fecharam em queda nesta segunda-feira (2), com menor liquidez nos mercados diante do feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos.
Sem o referencial de Wall Street, os investidores focaram no cenário doméstico, com destaque para nova piora das expectativas para a inflação dos mercados e detalhes do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, entregue pelo governo federal ao Congresso na última sexta-feira (30).
O principal índice do mercado doméstico encerrou a sessão com perda de 0,81%, aos 134.906 pontos, longe das mínimas dos dias, mas também se afastando dos patamares recordes alcançados nas últimas semanas.
O resultado reflete forte queda da Vale (VALE3), de 1,41%, em dia de perda do minério de ferro no mercado global após dados indicarem nova piora das atividades econômicas na China.
A sessão também estendeu as perdas da Azul (AZUL4) do fim da semana passada em meio análises do mercado sobre a saúde financeira da aérea. Na sessão, os papéis recuaram 18,18%.
Após mais uma intervenção do Banco Central (BC) nesta manhã, o dólar encerrou o dia em queda de 0,34%, negociado a R$ 5,617.
A autoridade monetária realizou um leilão de swap cambial de US$ 735 milhões, a terceira intervenção no câmbio desde a semana passada diante de um cenário de escalada da divisa norte-americana.
Mercado vê inflação pior
Analistas consultados pelo BC subiram ligeiramente suas expectativas para a alta da inflação e o crescimento da economia ao fim deste ano, enquanto mantiveram novamente sua projeção de manutenção da Selic em 2024, de acordo com a mais recente pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira.
De acordo com as últimas informações noticiadas pela CNN Brasil, o levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) agora deve subir 4,26% neste ano, ante avanço de 4,25% estimado na semana anterior. Em 2025, a projeção é de alta de 3,92%, de 3,93% anteriormente.
O resultado vem na esteira da divulgação de dados oficiais do IPCA-15 na semana passada, que mostraram os preços desacelerando para um avanço de 0,19% na base mensal. Em 12 meses, o índice atingiu alta de 4,35%.
O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) agora é projetado em 2,46% em 2024, ante 2,43% há uma semana, na terceira semana consecutiva de melhora no indicador. No próximo ano, a expectativa é de aumento de 1,85%, de 1,86% antes.
Os dados oficiais do PIB do segundo trimestre e primeira metade de 2024 serão publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) às 9h desta terça-feira (3).
Orçamento de 2025
Técnicos do governo federal detalharam dados do PLOA 2025, apresentado na noite de sexta-feira, com previsão de zerar o déficit no ano que vem, além de subir o salário mínimo para R$ 1.509.
“O projeto traz a previsão de aumento de impostos e de pente-fino em benefícios sociais e previdenciários, com o governo buscando montar um Orçamento que demonstre equilíbrio entre receitas e despesas, viabilizando a manutenção da meta de déficit zero. Além disso, o intuito é aumentar a credibilidade de risco do Brasil”, disse Hemelin Mendonça, sócia da AVG Capital.
O documento ainda prevê R$ 1,03 trilhão para o Ministério da Previdência Social. É o maior valor histórico de recursos destinados para a pasta, que anualmente já detém a maior fatia do orçamento federal.
A proposta enviada manteve a previsão de déficit zero para o próximo ano. O Executivo estimou a arrecadação em R$ 166 bilhões no próximo ano, mas o montante considera valores potenciais relacionados a propostas ainda pendentes no Legislativo, bem como resoluções de conflitos na Justiça.
A equipe econômica projeta arrecadar R$ 20,947 bilhões com as majorações da alíquota do imposto de renda em relação aos juros sobre capital próprio (JCP) e das alíquotas da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL).
Para que o Orçamento seja aprovado, o Congresso precisa antes votar o PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias). As peças orçamentárias, enviadas pelo governo, são analisadas pela Comissão Mista de Orçamento (CMO). Após a votação dos projetos no colegiado, os textos precisam ser analisados em sessão conjunta do Congresso Nacional.
*Com Reuters