Dólar fecha estável e fica abaixo de R$ 5,70 após corte de juros nos EUA; bolsa cai

Dólar americano Javier Ghersi / Getty Images
Dólar americano Javier Ghersi / Getty Images

Federal Reserve decidiu reduzir taxa de juros nos Estados Unidos em 0,25 p.p.

O dólar à vista fechou esta quinta-feira (7) praticamente estável ante o real, em um dia de ajustes técnicos às cotações do mercado futuro e de ruídos em relação ao pacote fiscal do governo Lula, enquanto no exterior a sessão foi de baixa generalizada para a moeda norte-americana, passada a eleição presidencial nos EUA.

O dólar à vista fechou o dia em leve alta de 0,03%, cotado a R$ 5,6759. No ano, porém, a divisa acumula elevação de 16,99%. Já o Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, encerrou a sessão com queda de 0,51%, a 129.681,70 mil pontos.

O volume financeiro somava R$ 22,9 bilhões antes dos ajustes finais.

Na tarde de hoje, o Federal Reserve (Fed) cortou a taxa básica de juros em 25 pontos-base, como era amplamente esperado, com formuladores de política monetária destacando um mercado de trabalho que, em geral, se flexibilizou, enquanto a inflação continua a se aproximar da meta de 2% do banco central dos Estados Unidos.

Este foi a segunda redução e seguida da autoridade monetária e mostra desaceleração do alívio nos juros após recuo de 0,5 ponto em setembro, o primeiro movimento para baixo desde 2020. 

A redução do ritmo já era esperada pelo mercado após dados indicarem atividade econômica aquecida e inflação se aproximando da meta de 2%. 

O índice de preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês), o indicador de inflação preferido do Fed, mostrou que os preços subiram 2,1% no ano encerrado em setembro, uma desaceleração em relação aos 2,3% em agosto, de acordo com dados do Departamento de Comércio divulgados na semana passada. 

Além disso, a inflação mais lenta e o mercado de trabalho em desaceleração abriram caminho para a decisão de quinta-feira. 

Mercado reverte cenário

O dólar iniciou a sessão em queda, ampliando as perdas da véspera, à medida que investidores continuavam se ajustando à vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos e à perspectiva de um Copom mais “rígido” em seu ciclo de aperto monetário, após o colegiado ter elevado a Selic na véspera.

Esta sessão marcava a primeira reação dos investidores à decisão do Copom de elevar a taxa de juros em 50 pontos-base, no início da noite de última quarta-feira (6), para 11,25%, com um comunicado visto como “mais firme” por analistas.

Conforme as últimas informações noticiadas pela CNN Brasil, no comunicado, os membros do BC não indicaram seus próximos passos, mas defenderam que o governo adote medidas fiscais estruturais que gerem impactos para a política monetária, afirmando que a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado os preços de ativos e as expectativas.

“Esse comunicado mais firme consolida uma visão de que o Copom vai adotar um ciclo rígido de altas de juros daqui para frente… Essa perspectiva contribui na atração de investidores estrangeiros e é um fator baixista para a taxa de câmbio”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Investidores também mostravam algum otimismo com a cena fiscal, à medida que esperam o anúncio de prometidas medidas de contenção de gastos pelo governo.

Na quarta-feira, comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já haviam ajudado a aliviar a pressão sobre a moeda brasileira, com o dólar recuando 1,21%, a R$ 5,6774.

Ele afirmou que o governo terá na manhã de hoje uma reunião para fechar o pacote de medidas fiscais, ressaltando que ainda há dois “detalhes” a serem discutidos.

A curva de juros brasileira não tinha uma direção única, com as taxas de DIs de curto prazo mostrando leve alta, o que refletia a perspectiva sobre o ciclo de altas de juros, enquanto os vencimentos de longo prazo recuavam de forma acentuada, em movimento semelhante ao da véspera.

O real também se beneficiava dos movimentos do dólar no exterior, que cedia parte dos enormes ganhos acumulados na véspera, impulsionados pela vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos.

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