
Alta da taxa de juros e quebra de safra de soja e milho pesaram contra o setor no último ano
A inadimplência do produtor rural pessoa física atingiu 7,6% ao final de 2024, aumento de 0,8 ponto percentual na comparação com 2023, após um ano em que o setor enfrentou uma quebra de safra de soja e milho e também taxas de juros em alta, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (26) pela Serasa Experian.
O indicador, que considera dívidas vencidas há mais de 180 dias e que foram contraídas junto a empresas de setores que se relacionam às principais atividades do agronegócio, manteve-se estável na comparação com o terceiro trimestre de 2024.
Para o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, a estabilidade na comparação trimestral reflete, principalmente, “o aperto da política de crédito dos credores e a resiliência de grande parte do setor – que mesmo com desafios de custos e de perdas, segue honrando seus compromissos”.
Em relação a anos anteriores, o indicador de inadimplência do produtor rural tem aumentado. Ao final de 2021, era de 5,9%, passando para 6,1% ao final de 2022 e 6,8% em 2023.
O aumento na comparação anual se dá paralelamente a um salto de 138% nas recuperações judiciais do agronegócio no ano passado, impulsionadas principalmente por produtores mais “alavancados” lidando com taxas de juros mais altas, maiores custos e quebras de safras, conforme dados da Serasa divulgados anteriormente.
O agravamento da inadimplência do produtor rural trouxe maior incerteza para projeções do Banco do Brasil, o principal credor do agronegócio, afetando o custo do crédito.
Ainda assim, comparando-se com outros setores como comércio e serviços, o indicador de inadimplência do produtor rural é mais baixo, conforme dados da Serasa.
A inadimplência das empresas do comércio era de 35,4% ao final do ano passado, versus 55,3% no segmento de serviços e 8% na indústria.
Em relação ao porte dos inadimplentes da população rural no último trimestre de 2024, os grandes proprietários tiveram o maior índice, com 10,2%, segundo o levantamento.
Já os pequenos proprietários foram os menos afetados, com inadimplência de 6,9%. Em sequência estavam os médios proprietários, com 7,2%, seguidos por um grupo que inclui os arrendatários, com 9,0%.
Fonte: Reuters