Inflação de alimentos pode chegar a 7% este ano, diz economista

Risco é de choque de oferta provocado pela crise no RS e chegada do La Niña

A inflação de alimentos à domicílio pode chegar a 7% este ano com a crise no Rio Grande do Sul e a chegada do La Niña a partir de julho, segundo André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, e um dos maiores especialistas em inflação do país.

O cenário mais pessimista de Braz foi se formando ao longo dos últimos meses, antes mesmo das inundações no RS afetarem diversas cadeias de produção de alimentos.

Segundo ele, a esperada queda dos preços dos alimentos, especialmente os in natura, em meados do primeiro semestre não aconteceu este ano, e as enchentes no Sul devem piorar o quadro.

“Minha maior preocupação é com o que aconteceu no Sul porque não vai ser contornado da noite para o dia. A recuperação vai ser muito lenta porque a chuva não para de cair e vai encharcar mais o solo que está super comprometido”, diz André Braz.

“Se este cenário se confirmar, a inflação dos alimentos à domicílio devem subir 7% e o IPCA, fechar em 4,5% este ano”, afirma.

As previsões de Braz estão bem mais pessimistas do que as de economistas do mercado financeiro. A previsão média para alimentos à domicílio está em 3,7%. Para o IPCA do ano, segundo o último boletim Focus, está em 3,86% em 2024.

De acordo com as últimas informações noticiadas pela CNN Brasil, o economista lembra que, em maio de 2023, o índice dessa categoria ficou em 0%, e agora, segundo o IPCA-15, já subiu 0,20%. Em junho do ano passado, houve deflação de 0,1% dos alimentos.

Segundo Braz, não há chance de junho deste ano ser negativo, ao contrário, porque os primeiros efeitos da crise no Rio Grande do Sul serão captados integralmente no próximo mês.

“Meu cenário hoje aponta para uma alta de 5% nos alimentos, apenas no primeiro semestre. No segundo semestre, não vamos ter espaço para uma inflação negativa capaz de compensar as altas extremas do primeiro”, diz.

“O clima está cobrando cada vez mais da gente e há pouco espaço para desaceleração dos preços até o final do ano”, ressalta o economista do IBRE.

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