Em um passo que consolida a virada nos resultados financeiros da JBS em 2024, a companhia encerrou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 1,7 bilhão no segundo trimestre. O desempenho contrasta com o de um ano antes, quando a empresa teve prejuízo de R$ 263,6 milhões. Além do lucro bilionário, a JBS também teve uma receita líquida consolidada recorde no segundo trimestre, de R$ 100,6 bilhões, montante 12,6% maior que o do segundo trimestre de 2023.
Dois fundamentos de mercado estão bem mais positivos neste ano do que em 2023, o que permitiu à empresa fechar o trimestre com ganho expressivo. O primeiro é a queda dos preços dos insumos que compõem a ração animal (milho e farelo de soja), fator que reduz os custos e melhora as margens da indústria.
O segundo é que ficou mais equilibrado o balanço entre demanda e oferta das carnes mais importantes para os negócios da JBS (bovina, suína e de frango). Há exceção apenas na unidade de bovinos na América do Norte. Na região, as margens seguem apertadas em virtude do ciclo de baixa oferta de gado, mas o bom desempenho em todos os demais negócios do grupo compensou os resultados negativos.
“O resultado [lucro] veio também das melhorias operacionais que fizemos”, disse o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, que destacou, por exemplo, os ganhos na operação da Seara. A margem da unidade de aves e suínos no Brasil subiu 13,3 pontos percentuais no comparativo anual, para 17,4%.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da JBS foi de R$ 9,88 bilhões no segundo trimestre. O resultado é mais que o dobro do que a companhia registrou no segundo trimestre de 2023, quando o Ebitda ajustado foi de R$ 4,47 bilhões.
Cerca de 75% das vendas globais da JBS ocorreram nos mercados domésticos em que a empresa atua, e os demais 25% foram exportações. A geração de caixa livre, que havia sido de R$ 1,26 bilhão no segundo trimestre de 2023, saltou para R$ 5,5 bilhões neste ano, o que permitiu à companhia reduzir sua alavancagem — relação entre dívida líquida e Ebitda — para 2,77 vezes (em dólares). No segundo trimestre do ano passado, a alavancagem estava em 4,15 vezes.
“A gente chegou a esse patamar de alavancagem seis meses antes do previsto”, afirmou Guilherme Cavalcanti, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da JBS. O executivo ressaltou que, como o terceiro e quarto trimestres também geram fluxo de caixa livre positivo, “vamos apresentar Ebitdas no terceiro e no quarto trimestres acima do ano passado, porque essa alavancagem vai continuar caindo e vai se aproximar de 2 vezes no fim do ano”.
A alta do dólar, um fator de elevação das dívidas, tem piorado os balanços de diversas empresas, mas, para a JBS, esse é outro elemento positivo, avalia Cavalcanti. “O câmbio maior é mais favorável para a JBS, [dada a] natureza exportadora e os negócios que temos em dólares”, afirmou.
Segundo ele, as unidades que ficam fora do Brasil geram 70% do faturamento do grupo. Dos 30% que saem das operações brasileiras, metade é de exportação, que se torna mais competitiva com o aumento da cotação do dólar.
Questionado sobre os impactos das suspensões temporárias de exportação de frango do Brasil que se seguiram à ocorrência, em julho, de um caso da doença de Newcastle em Anta Gorda (RS), Tomazoni afirmou que o país já resolveu a questão e que a companhia tem feito um remanejamento entre as unidades para conseguir atender os importadores.
“Mercados que antes eram atendidos pelo Rio Grande do Sul passaram para São Paulo, Paraná, Santa Catarina”, disse o executivo. Ele destacou a importância de se ter muitas plantas com habilitação para vender à China: esse trunfo dá flexibilidade para se conseguir realocar as mercadorias em momentos como esses.
Tomazoni acredita que os segmentos de suínos e aves continuarão a apresentar um forte desempenho, com oferta e demanda equilibradas. Já em carne bovina, a percepção do CEO é que o consumo na China permanece aquecido, assim como as exportações de Brasil e Austrália para os Estados Unidos.
Fonte: GR