MPT-MS integra time nacional de capacitação do Projeto MPT na Escola e firma parceria inédita com o Governo do Estado

Educadores de todo o país participaram de imersão sobre as temáticas do combate ao trabalho infantil e direito à profissionalização de adolescentes; projeto é ampliado para a rede estadual de ensino em Mato Grosso do Sul

 Milhares de educadores, coordenadores e diretores de escolas da rede pública de ensino em todo o território nacional tiveram a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos em relação à temática do combate ao trabalho infantil e à aprendizagem profissional no dia 15 de março. A oficina de capacitação, oferecida pelo projeto MPT na Escola, foi transmitida ao vivo pelo canal do MPT no YouTube e já registrou mais de 15 mil visualizações na plataforma. O objetivo da imersão é para que profissionais da educação no Brasil apliquem os conhecimentos adquiridos neste encontro virtual em sala de aula, a fim de orientar e preparar os alunos para um ambiente hígido de trabalho no futuro. O vídeo encontra-se à disposição pelo link aqui.

Cândice Gabriela Arosio, procuradora-chefe do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS) e gerente nacional do MPT na Escola, conduziu os painéis de treinamento, que contou com quase quatro horas de duração. “É com muita alegria que iniciamos essa tarde de capacitação para, efetivamente, trazer a todos conhecimento, sensibilização, experiência e troca de ideias a respeito dessa temática tão importante ao Ministério Público do Trabalho que é o combate ao trabalho infantil e a inserção correta do adolescente no mercado de trabalho”, afirmou com entusiasmo.

Em seguida, a coordenadora nacional de Combate ao Trabalho Infantil e de Promoção e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes (Coordinfância), Luísa Carvalho Rodrigues, enfatizou uma feliz coincidência: a capacitação ocorreu justamente no Dia da Escola. “A escola não é só um espaço físico, mas também um local de acolhimento, compreensão, de formação de conhecimento e formação cidadã, graças aos profissionais da educação que merecem todo o nosso reconhecimento. O Ministério Público do Trabalho defende e acredita na valorização da carreira dos educadores. Homenageamos a todos que fazem da escola ser um espaço tão especial e tão importante, não só para o futuro do nosso país, mas para o presente também”, complementou Luísa.

Os educadores de todo o país terão acesso a kits educacionais com os os temas “Combate ao Trabalho Infantil” e “Aprendizagem Profissional”. Os kits são compostos por cadernos de orientação pedagógica, materiais estes destinados aos profissionais da educação com sugestões de como abordar estes temas em sala de aula, além de jogos, gibis e pôsteres a serem distribuídos entre as crianças e adolescentes.

Sensibilizar para mobilizar

Sobre a temática do trabalho infantil, Cândice Arosio iniciou sua explanação com perguntas reflexivas aos educadores. “Com quantos anos você começou a trabalhar? Por que isso ocorreu? Foi uma experiência de trabalho protegido? Você gostaria que seu filho vivesse aquilo que você viveu?”- esses e outros questionamentos acenderam um alerta para que os profissionais da educação promovam uma reflexão mais profunda em sala de aula sobre o impacto do trabalho precoce na vida de crianças e jovens.

Educadores de todo país compartilharam suas experiências pessoais pelo chat. Imagem: reprodução YouTube

Educadores de todo país compartilharam suas experiências pessoais pelo chat. Imagem: reprodução YouTube

Em resposta, o chat do YouTube revelou as experiências compartilhadas por centenas de educadores, os quais, de forma surpreendente, também enfrentaram o trabalho infantil em suas vidas. Essas histórias ilustraram como muitos deles iniciaram precocemente no mercado de trabalho, começando por volta dos 12 ou 13 anos de idade, e alguns até mais jovens, aos 9 anos. Esse conjunto de relatos ressalta a prevalência e a complexidade do problema do trabalho infantil, destacando a necessidade urgente de abordagens eficazes para combater essa prática nociva à sociedade.

Além disso, evidencia a importância de iniciativas como o MPT na Escola, que visa, em seu objetivo-fim, proteger as crianças e os adolescentes, bem como promover um ambiente seguro e propício ao seu desenvolvimento integral. Essa partilha de experiências entre os educadores serviu como um sinal contundente sobre os desafios enfrentados por muitos jovens, ao mesmo tempo em que ressalta a importância do engajamento coletivo na busca por soluções efetivas para essa questão social.

Antonio de Oliveira Lima, procurador do Trabalho, conhecido carinhosamente no MPT como “Antonio Peteca”, deu as boas-vindas aos participantes e explicou o que é o MPT na Escola. Lima é considerado o criador do projeto Peteca, originado no Estado do Ceará, que viria, posteriormente, a expandir e se tornar o MPT na Escola para todo o país. Na sequência, Luciana Marques Coutinho, procuradora do trabalho, Leandro Carvalho, chefe da Coordenação da Aprendizagem da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT/MTE) e Elisianne Cruzetta, coordenadora pedagógica do MPT na Escola no município de Pinhais (PR) participaram como capacitadores do encontro. Entre os assuntos abordados estiveram: o que é trabalho infantil; as piores formas, suas causas e consequências como uma grave violação de direitos; a aprendizagem profissional como concretização desses direitos; e a forma de execução do projeto nos municípios.

Ampliação do MPT na Escola em Mato Grosso do Sul

Na edição deste ano, 24 municípios da Rede Municipal de Ensino participarão do projeto MPT na Escola em Mato Grosso do Sul. São eles: Alcinópolis, Aparecida do Taboado, Aquidauana, Aral Moreira, Bodoquena, Caarapó, Campo Grande, Chapadão do Sul, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Ladário, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã, Porto Murtinho, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo, Sete Quedas, Sidrolândia e Três Lagoas.

A novidade em 2024 é a parceria estabelecida entre o MPT-MS e o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul para promover o projeto MPT na Escola também na Rede Estadual de Ensino. Como iniciativa piloto, cinco unidades foram selecionadas: Escola Estadual Dr. João Ponce de Arruda (Ribas do Rio Pardo), Escola Estadual Dom Aquino Corrêa (Três Lagoas), Escola Estadual Prof. Alberto Elpídio Ferreira Dias – Prof. Tito (Campo Grande), Escola Estadual Prof. João Magiano Pinto – JOMAP (Três Lagoas) e Escola Estadual Cel. José Alves Ribeiro (Aquidauana). A estimativa é de que mais de 18 mil alunos sejam beneficiados pelo projeto (nas redes estadual e municipal de ensino).

Representantes selam parceria entre MPT e Governo do Estado de Mato Grosso do Sul. Foto: Ascom MPT-MS

Representantes selam parceria entre MPT e Governo do Estado de Mato Grosso do Sul. Foto: Ascom MPT-MS


No dia 27 de fevereiro, ocorreu uma reunião na Secretaria Estadual de Educação (SED) que marcou a cooperação entre o MPT-MS e o Governo do Estado. Durante o encontro, Cândice Arosio apresentou o projeto e forneceu exemplos de materiais que serão utilizados na capacitação dos professores. Como procuradora-chefe do MPT-MS e gerente nacional do MPT na Escola, ela destacou a importância da parceria com o Estado nessa iniciativa. A colaboração entre as instituições é essencial para alcançar um número maior de jovens e sensibilizá-los sobre a importância da aprendizagem e seus direitos.

De acordo com Hélio Queiroz Daher, secretário estadual de Educação, todas as ações que promovam a proteção à juventude são pertinentes e importantes para o Estado. “A cada instante, um jovem decide deixar de estudar para trabalhar. Quando isso acontece, nos questionamos: por que perdemos esse jovem? Onde o Estado errou? Essa é a reflexão que fazemos, e iniciativas como o MPT na Escola são capazes de transformar essa realidade e representar um jovem a menos que ‘desistiu de desistir’ da escola”, finalizou.

Fonte: Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul

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