Os resultados foram publicados no Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association. No estudo, os pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, analisaram mais de mil participantes de um estudo chamado Framingham Heart Study e mais 500 voluntários da Califórnia. No total, os participantes tinham, em média, 70 e 74 anos. Todos foram submetidos a um exame de ressonância magnética no cérebro.
O estudo comparou pessoas com e sem demência no momento da ressonância magnética. Também foram analisados os exames feitos 10 anos antes para comparar os resultados.
“Voltamos e examinamos as ressonâncias magnéticas cerebrais feitas dez anos antes e depois as misturamos para ver se conseguíamos discernir um padrão que distinguisse de forma confiável aqueles que, mais tarde, desenvolveram demência daqueles que não desenvolveram”, disse a Sudha Seshadri, co-autora do estudo e investigadora sênior do Framingham Heart Study, em comunicado.
Os resultados mostraram que faixas mais finas da substância cinzenta cortical do cérebro estavam relacionadas ao declínio cognitivo e ao desenvolvimento de demência, enquanto faixas mais grossas da mesma região tiveram resultados melhores nos exames de ressonância magnética.
“Embora sejam necessários mais estudos para validar este biomarcador, começamos bem”, disse Claudia Satizabal, principal autora do estudo. “A relação entre desbaste e risco de demência comportou-se da mesma forma em diferentes raças e grupos étnicos”, completa.
Descoberta pode ajudar no diagnóstico precoce e em novos estudos
De acordo com as últimas informações noticiadas pela CNN Brasil, na visão dos autores do estudo, as descobertas podem ajudar a identificar precocemente pessoas com alto risco de desenvolver demência.
“Ao detectar a doença precocemente, temos uma janela de tempo melhor para intervenções terapêuticas e modificações no estilo de vida, e para fazer um melhor acompanhamento da saúde do cérebro para diminuir a progressão dos indivíduos para a demência”, comenta Satizabal.
Além disso, os resultados podem ajudar a minimizar custos em ensaios clínicos futuros, já que pode ser possível selecionar participantes que ainda não desenvolveram demência – mas que apresentam o risco através do biomarcador de afinamento da substância cinzenta – para esses estudos. Por exemplo, eles podem participar de estudos para medicamentos experimentais da demência.
O próximo passo, segundo os autores do estudo, é identificar quais fatores de risco podem estar associados ao afinamento da substância cinzenta cortical. Para Satizabal, esses fatores podem incluir dieta, exposição a poluentes ambientais, risco cardiovascular e genética.
“Observamos o APOE4, que é o principal fator genético relacionado à demência, e não estava de forma alguma relacionado à espessura da massa cinzenta”, disse Satizabal. “Achamos que isso é bom, porque se a espessura não for determinada geneticamente, então existem fatores modificáveis, como dieta e exercícios, que podem influenciá-la”, finaliza.