Um estudo descobriu que a dieta atlântica pode ajudar a reduzir o risco de síndrome metabólica. Esse é um tipo de alimentação popular em algumas regiões de Portugal e Espanha e é semelhante à dieta mediterrânea. Sua base são alimentos como peixes, legumes e azeite, além de frutas, carnes magras, lacticínios e vinho (com moderação).
Publicado no JAMA Network Open neste mês, o estudo tinha o objetivo de analisar os efeitos da dieta atlântica para a saúde metabólica e ambiental, avaliando a incidência da síndrome metabólica e a pegada de carbono emitida por ela. De acordo com os pesquisadores, esse tipo de alimentação pode reduzir significativamente o risco da síndrome. No entanto, a redução na pegada de carbono não foi significativa.
O que é síndrome metabólica?
De acordo com a SBEM (Sociedade Brasileira da Endocrinologia e Metabologia), a síndrome metabólica é um conjunto de doenças caracterizadas pela resistência à insulina. Segundo o Consenso Brasileiro sobre Síndrome Metabólica, a condição acontece quando estão presentes três dos cinco critérios abaixo:
- Obesidade central (circunferência da cintura da mulher superior a 88 centímetros e, do homem, a 102 centímetros);
- Hipertensão arterial;
- Glicemia alterada ou diagnóstico de diabetes;
- Triglicerídeos elevados (acima de 150 mg/dL);
- Colesterol HDL abaixo de 40 mg/dL em homens e abaixo de 50 mg/dL em mulheres.
Fatores como alimentação e sedentarismo podem influenciar no risco de síndrome metabólica e levar a condições de saúde ainda mais graves.
Como o estudo foi feito?
Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram uma outra pesquisa anterior: o estudo da Dieta Atlântica em Galiza. A pesquisa incluiu dados de adultos com idades entre 18 e 85 anos e excluiu pessoas que estivessem grávidas, tomando medicamentos para reduzir lipídios, que tivessem alguma doença terminal ou cardiovascular grave, que abusassem de álcool e quem tivesse demência. Conforme noticiado pela CNN Brasil, os participantes também deveriam fazer parte de um núcleo familiar de dois ou mais membros para poder fazer parte do estudo.
Após a seleção, os pesquisadores dividiram as famílias de maneira aleatória em grupo de intervenção, que seguiu a dieta atlântica, e grupo de controle, que seguiu o padrão normal de alimentação. No total, foram 121 famílias no primeiro grupo e 110 no segundo que completaram o estudo.
Para ajudar o grupo de intervenção a se manter na dieta atlântica, foram oferecidos aos seus participantes educação nutricional, aula de culinária e cestas básicas regulares. A pegada de carbono de cada participante foi calculada pelos pesquisadores.
Segundo os resultados do estudo, o grupo que manteve a dieta atlântica apresentou uma maior melhora em termos da síndrome metabólica. Entre os participantes que não tinham a síndrome, apenas 2,7% no grupo de intervenção desenvolveu a condição, enquanto 7,3% no grupo de controle foram diagnosticados com ela.
Além disso, os pesquisadores descobriram que o grupo da dieta atlântica tinha 42% menos chance de desenvolver um critério adicional da síndrome metabólica. Ou seja, o risco era menor de a condição evoluir em comparação com aqueles que seguiram sua alimentação normal.
Em relação à pegada de carbono, não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos, apesar de ambos terem reduzido as emissões. Para os investigadores, essa redução pode estar relacionada à influência da família nas mudanças pessoais associadas a pegada de carbono.