A dificuldade para engravidar é um dos sintomas da endometriose, acometendo cerca de 40% das mulheres com a doença
A endometriose afeta cerca de 180 milhões de mulheres no mundo, sendo mais de 7 milhões só no Brasil, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). A doença é caracterizada pelo crescimento de fragmentos do endométrio, tecido que reveste o útero, em outras regiões do órgão e do corpo, como tubas uterinas, ovários, bexigas e, em alguns casos, intestino.
Entre os sintomas da endometriose estão a cólica menstrual intensa e a menstruação irregular, como sangramento intenso ou fora do período menstrual. Além disso, a doença pode levar à dificuldade para engravidar, podendo ter a infertilidade como uma consequência.
“O processo inflamatório da endometriose causa aderência dos órgãos, como as trompas e ovários, dificultando a captura do óvulo e transporte do embrião para dentro do útero. Além disso, a doença também causa um ambiente ‘tóxico’ para o óvulo, para os espermatozoides e para o embrião”, explica Paulo Cossi, ginecologista e obstetra mestre em Ciências da Saúde pela Escola Paulista de Medicina.
Toda mulher com endometriose terá infertilidade?
A endometriose é uma das principais causas de infertilidade feminina, de acordo com Roberta Simonaggio, ginecologista e obstetra pela Santa Casa de São Paulo. No entanto, a especialista explica que nem todas as mulheres com a doença apresentam dificuldade para engravidar. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 40% das mulheres com endometriose apresentam o sintoma.
Para ser considerado infertilidade, é preciso passar um período determinado tentando engravidar. “Em mulheres com idade abaixo de 35 anos, podemos esperar até 1 ano para que ocorra uma gravidez espontânea. Acima dos 35, esperamos 6 meses”.
Ultrapassado esse período, pode ser considerada a possibilidade de infertilidade, sugerindo um fator para investigar a endometriose (junto com a presença dos sintomas característicos da doença).
Infertilidade pode ser revertida com o tratamento da endometriose
Por ser um sintoma da endometriose, a infertilidade pode ser revertida com o tratamento da doença. “Sem dúvida alguma, os tratamentos clínicos com medicamentos, dieta e, principalmente, com mudança no estilo de vida, impactam positivamente na melhora da fertilidade”, afirma Cossi.
O tratamento para endometriose inclui, primeiramente, estratégias para reduzir a inflamação causada pela doença. O uso de anticoncepcionais, por exemplo, podem ajudar a aliviar os sintomas da cólica menstrual e a regular a menstruação, sendo uma possibilidade interessante para mulheres que não desejam engravidar.
Já para as mulheres que desejam ter filhos e cuja endometriose é mais grave, é possível realizar cirurgia para remover os fragmentos do endométrio que estão crescendo fora do útero. “O tratamento cirúrgico realiza a ressecção dos focos de endometriose”, explica Simonaggio.
Tem como prevenir a endometriose?
De acordo com as últimas informações noticiadas pela CNN Brasil, segundo os especialistas ouvidos, não tem como prevenir a endometriose, porque as causas por trás do desenvolvimento da doença ainda não estão totalmente estabelecidas. “No entanto, melhoras no estilo de vida são importantes para a melhora da qualidade de vida dessas mulheres”, afirma Cossi.
Como exemplos, o ginecologista cita evitar o excesso de consumo de carnes vermelhas, de cafeína e de álcool. Além disso, praticar exercícios físicos, manter uma alimentação equilibrada e tentar ter uma boa saúde mental também são essenciais.
Além disso, o diagnóstico precoce da endometriose é essencial para minimizar danos causados pela doença. “As medidas importantes seriam acompanhamento e investigação de dor pélvica, dor na relação sexual, infertilidade, além de manter uma alimentação saudável e os exames ginecológicos em dia”, explica Simonaggio.
Por: Gabriela Maraccini