Quando é necessária a amputação do reto no tratamento de Câncer Colorretal

O câncer colorretal é uma das neoplasias mais recorrentes no Brasil, impactando milhares de vidas a cada ano. Recentemente, a cantora Preta Gil, aos 50 anos, compartilhou sua experiência com a doença, revelando que passou por uma cirurgia de amputação do reto como parte de seu tratamento. O relato da artista, dado em entrevista ao programa Fantástico, lançou luz sobre um procedimento pouco discutido, mas crucial em casos avançados de câncer nessa região.

“A amputação do reto faz parte da minha realidade e eu não tenho vergonha de falar sobre isso”, disse Preta Gil, ressaltando a importância de quebrar os tabus em torno do tratamento do câncer colorretal.

Segundo o cirurgião Rodrigo Barbosa, especialista em cirurgia do aparelho digestivo e coloproctologia, a amputação do reto é indicada quando o tumor está localizado na parte mais baixa do órgão, próximo ao ânus, e não pode ser removido por outras abordagens menos invasivas. “Essa cirurgia se torna necessária quando os tratamentos mais comuns, como a quimioterapia e a radioterapia, não resultam na remissão completa do câncer, especialmente quando ele se encontra em uma posição que impede a remoção parcial do reto”, explica.

O procedimento e suas Implicações

Durante a amputação do reto, o cirurgião remove o reto e, em alguns casos, partes do intestino grosso. Dependendo da progressão da doença, pode ser inviável conectar o intestino remanescente de forma a manter o trânsito intestinal normal, o que requer a realização de uma colostomia. A colostomia cria uma abertura no abdômen pela qual as fezes são excretadas para uma bolsa externa.

“A vida do paciente pode mudar significativamente após a cirurgia, especialmente com a necessidade de uma colostomia permanente. Entretanto, essa é uma medida vital em casos onde a preservação do reto não é possível, sendo muitas vezes a única alternativa para eliminar o câncer”, observa Barbosa.

Entendendo o câncer colorretal

O câncer colorretal engloba tumores que afetam tanto o cólon quanto o reto, geralmente se manifestando sem sintomas iniciais claros. À medida que a doença avança, é comum que os pacientes apresentem sinais como sangramento ao evacuar, alterações na forma das fezes, dores abdominais e mudanças nos hábitos intestinais, como diarreia ou constipação.

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que, entre 2023 e 2025, haverá uma incidência anual de aproximadamente 45 mil novos casos de câncer colorretal no Brasil. Fatores como sedentarismo, dieta rica em alimentos ultraprocessados, obesidade, consumo excessivo de álcool e tabagismo aumentam os riscos de desenvolvimento da doença.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico precoce do câncer colorretal é essencial para aumentar as chances de cura. A colonoscopia é o principal exame para detectar a doença, sendo recomendada para todas as pessoas a partir dos 45 anos. Nos casos de histórico familiar, o rastreamento deve ser feito 10 anos antes da idade em que o parente foi diagnosticado.

O tratamento depende do estágio da doença e pode incluir uma combinação de cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e terapias direcionadas. Em casos onde o tumor não responde adequadamente a essas intervenções, a amputação do reto pode ser a solução definitiva para controlar a progressão do câncer.

A importância de desmistificar o tratamento

A abertura de personalidades como Preta Gil sobre suas experiências com o câncer colorretal é fundamental para desmistificar o tratamento e incentivar o diagnóstico precoce. Conforme o cirurgião Rodrigo Barbosa pontua, “falar sobre os desafios e as alternativas no tratamento do câncer colorretal ajuda a reduzir o estigma e traz à tona a necessidade de conscientização sobre a doença, que é silenciosa, mas altamente tratável quando detectada em seus estágios iniciais”.

Edição: Mato Grosso do Sul-Notícias * com informações da CNN Brasil

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