Emagrecer é, muitas vezes, um processo desafiador e que requer disciplina, principalmente na dieta e no treino. Isso por que um dos pontos importantes para a perda de peso é o déficit calórico, ou seja, gastar mais calorias do que a quantidade consumida.
Pensando assim, algumas pessoas preferem trocar um suco natural, que contém as calorias das frutas, por refrigerante zero. Afinal, o “refri” não vai aumentar as calorias consumidas no fim do dia, ao contrário do suco. Mas será que esse raciocínio realmente faz sentido?
“Se levar em consideração a simples contagem de calorias para o emagrecimento, faz sentido fazer a troca. Porém, quando avaliamos um paciente em emagrecimento, não levamos apenas o consumo calórico em consideração. É preciso pensar no metabolismo como um todo”, responde Patrícia Santiago, pós-graduada em Nutrologia pela Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).
A especialista explica que o refrigerante zero costuma conter adoçantes artificiais em sua composição, o que pode aumentar a glicemia e, consequentemente, a insulina e comprometer o metabolismo do paciente. Tudo isso torna o objetivo de perder peso mais difícil de ser alcançado.
Suco natural de fruta ou refrigerante zero: qual é mais benéfico para emagrecer?
O suco feito de forma natural, com frutas integrais e sem adição de açúcar, pode trazer benefícios importantes para o processo de emagrecimento. “Frutas são capazes de disponibilizar nutrientes, antioxidantes e compostos bioativos para favorecer a ativação metabólica, facilitando o emagrecimento”, afirma Mariana Moretti, nutricionista funcional integrativa da Clínica Mantelli.
Porém é preciso ter uma certa cautela com a forma como a bebida será consumida. “É importante ter cuidado no preparo para manter o máximo de fibras possíveis, evitando coar o suco, pois a eliminação dessas fibras reduz a saciedade e aumenta os níveis de insulina, causando a fome como efeito rebote”, explica Patrícia.
Já o refrigerante zero, apesar de não conter calorias, contém adoçantes artificiais. “Segundo alguns estudos, a presença de ácido fosfatídico nos refrigerantes aumenta o fator de risco para câncer e podem ter efeitos variados na saúde a longo prazo”, alerta a nutróloga.
Além disso, a nutricionista Mariana ressalta que o refrigerante é uma bebida pró-inflamatória, ou seja, que favorece a inflamação do corpo, o que não é interessante para quem quer emagrecer. “A desinflamação sistêmica precede o emagrecimento saudável”, enfatiza. “Por isso, vale mais a pena ajustar o horário em que o suco será consumido, a quantidade e a frequência da ingestão, ao invés de substituí-lo por uma bebida ultraprocessada pró-inflamatória”, completa.
Resumidamente: é melhor optar por bebidas naturais, sem açúcar ou adoçantes, para o emagrecimento e manutenção da saúde no geral. “Também é sempre bom lembrar que devemos dar prioridade para o consumo das frutas em si, pois nelas estão contidas as fibras que auxiliam na saciedade”, completa Patrícia.
Cuidado com os excessos!
Apesar do suco natural de frutas ser mais benéfico para o emagrecimento em relação ao refrigerante zero, é preciso ter cuidado com a quantidade que é consumida. Conforme noticiado pela CNN Brasil, em uma dieta para emagrecimento, normalmente, há um limite diário de calorias a serem ingeridas e esse limite deve ser obedecido para atingir a perda de peso desejada.
Além disso, suco natural é composto por frutose, um tipo de açúcar que pode levar ao aumento rápido da glicemia e, consequentemente, aumentar a produção de insulina, o que leva ao aumento da fome, explica Patrícia.
Inclusive, isso foi tema de um estudo recente que mostrou que beber um copo ou mais de suco integral de fruta por dia poderia estar associado ao aumento de peso em crianças e adultos. Segundo os pesquisadores, beber o suco de frutas, ao invés da fruta inteira, poderia adicionar mais calorias à dieta e aumentar a glicose no sangue, o que favorece a resistência à insulina, síndrome metabólica, diabetes, obesidade e outras doenças crônicas.
Por isso, a inclusão de sucos naturais na dieta para emagrecimento deve ser feita de forma estratégica e individualizada, com a ajuda de um profissional, como nutricionista ou nutrólogo. “De preferência, consumir em pequenas quantidades, em dias de atividade física e evitando tomá-los com o estômago vazio, consumindo previamente alimentos ricos em fibras ou proteínas”, orienta Mariana.