Segundo informações apreendidas no notebook de Mauro Cid, ex-presidente seria protegido e transportado por militares para o exterior
O relatório da Polícia Federal (PF), que investigou a tentativa de golpe de Estado, conta com um plano de fuga caso a inciativa desse errado, constatou a instituição.
De acordo com a PF, o inquérito descobriu um plano de evasão e fuga do ex-presidente do país “caso seu ataque ao poder Judiciário e ao regime democrático sofresse algum revés que colocasse sua liberdade em risco”.
O plano seria adaptado pela “doutrina militar” — a Polícia identificou uma apresentação em Powerponit no notebook apreendido do ex-ajudante de ordens e Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, chamada “RAFE/LA”, que seria uma sigla para “Rede de Auxílio à Fuga e Evasão” (Rafe) e “Linha de auxílio à fuga e evasão” (Lafe).
Expressões do meio militar foram utilizadas para descrever o plano.
O documento, segundo o relatório, é composto por cinco slides criados em 22 de março de 2021, com logotipos do Comando de Operações Especiais do Exército (COpEsp) e do Destacamento de Reconhecimento e Caçadores (DRC)
O COpEsp abrange os chamados kids pretos, militares que compõem a elite do Exército.
A apresentação teria três cenários hipotéticos em caso de decisões “contrárias aos interesses do então presidente da República Jair Bolsonaro”:
- “STF interfere no Executivo”;
- “STF cassa a chapa para 22”; e
- “STF (TSE) barra a PEC aprovada pelo Congresso do voto impresso”
O plano de fuga conta com um cenário sem o apoio formal do Exército, em que o então presidente seria protegido nos palácios do Planalto e da Alvorada sem o apoio do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), com militares cooptados.
O plano previu a possibilidade de armamento e munição, que estariam guardados em um cofre.
De acordo com as últimas informações noticiadas pela CNN Brasil, a ocupação de estruturas estratégicas por militares também estava prevista, possivelmente, para “inibir qualquer ação do Estado decretada pelo Poder
Judiciário”.
A última etapa da fuga seria garantir a segurança de Bolsonaro e criar uma rede de auxílio que conduzisse o ex-presidente para fora do Brasil.
“Os elementos de prova colhidos demonstram que os investigados planejaram o cenário de enfrentamento de JAIR BOLSONARO com o Poder Judiciário, que levaria a uma ruptura institucional”, concluiu a Polícia.
A PF também concluiu que o plano foi adaptado e utilizado no final de 2022, em que o ex-presidente teria saído do país para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos golpistas do 08 de janeiro. A CNN entrou em contato com a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e aguarda retorno.
Por: Maria Clara Matos da CNN – São Paulo